sexta-feira, 27 de março de 2009

moradias Landim


Estas são algumas fotos possíveis de moradias geminadas em Landim em fase de acabamento.





sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Planeamento em aldeias

Segue em anexo um paper que eu tive de elaborar no âmbito da minha dissertação, sob o tipo título (provisório) de "Planeamento em Aldeias".
Este artigo incidiu sobre a vertente "A Periferia e a Importância da Identidade Colectiva".
Mais uma vez, críticas e sugestões serão recebidas de bom grado.

PLANEAMENTO EM ALDEIAS:
A Periferia e a Importância da Identidade Colectiva



Resumo: As aldeias especialmente quando periféricas carecem de espaço público e crescem de modo descaracterizado. Abordamos a importância do espaço público como criação de uma identidade colectiva, utilizando o caso real: Airão. Por fim, abordamos as dificuldades que existem em criar e manter esta mesma identidade.


Introdução
As aldeias e restantes zonas periféricas têm sido remetidas para segundo plano em detrimento dos espaços urbanos. Esta ausência de planeamento no crescimento tem conduzido a uma urbanização difusa, descaracterizada e com crise de identidade.
A salvação do que resta da paisagem e do seu património é para Harouel (2004: 148), a prioridade para o urbanismo actual e futuro. Perante a ausência de estudos sobre a matéria remetemo-nos para o urbanismo e para a arquitectura, nas suas vertentes psíquicas e sociais. Buscando casos concretos de aplicabilidade e tentando perceber a forma como os diversos agentes podem interceder, com reflexos directos na apropriação e organização do território.

A Aldeia
Cumprindo os propósitos de um âmbito preciso e concreto, centramos o objecto de estudo à freguesia de Airão S. João Baptista, uma freguesia do extremo oeste do concelho de Guimarães, que pela sua periferia se adequará aos objectivos.
A freguesia de Airão S. João situa-se a cerca de 15 km das três cidades que a rodeiam – Braga, Guimarães e Vila Nova de Famalicão, tendo contacto com estes três concelhos: Guimarães, à qual pertence; confronta a Norte com S. Pedro de Escudeiros (Braga); e a Sul com Joane (VN de Famalicão).

Condicionantes
Desde a idade média o território de Airão foi condicionado por diversos factores, nomeadamente a posse das terras; as vias e a actividade económica.

Posse das terras:
1- Sistema de Morgado

O morgado de Airão, instituído em testamento em 1526 por João Pereira (1) a Diogo Lopes de Lima e D. Isabel de Castro, seu genro e filha, transformou, por definição, a freguesia de Airão num bem indivisível, e que perdurou até a segunda metade do séc. XIX (Silva, 2000: 52-66).
Em 1803 terá sido efectuada uma reunião de caseiros do morgado de Airão, no qual são citados os nomes dos caseiros e os respectivos lugares: O lugar do Cabo; da Cal; de Corvaceiras de Baixo; de Corvaceiras de Cima; do Roupeiro; do Pomarinho e do Assento (Silva, 2000: 92). Volvidos cerca de cento e cinquenta anos após o término do sistema de morgado, estes lugares anteriormente mencionados podem ainda hoje serem identificados como quintas (quinta do cabo, da cal, etc.), às quais podemos indexar uma significativa percentagem do território aironense.

(1) O Sacerdote Dr. Hilário Oliveira Silva (2000), salvaguarda a hipótese levantada pela Prof. Doutora Maria da Conceição Falcão, do morgado ter sido instituído por Fernão de Sousa, sogro de João Pereira
2- A Casa do Paço
Separada do Morgado a título de excepção nos finais do séc. XVIII, e a qual D. Maria I deu carta de brasão em 1790 (Silva, 2000: 66), esta casa perdura até hoje, tendo acopladas a si uma grande quantidade de pequenas quintas e uma área significativa de terreno. Tem junto a si desde o início do séc. XXI um lar de terceira idade e centro de dia.
3- A Quinta da Pereira
Esta quinta era certamente a maior do morgado e teve em Teófilo Braga, o seu mais ilustre ocupante, que dela se tornou proprietário por herança de D. Maria do Carmo Xavier de Oliveira Barros Leite, sua esposa. (Silva, 2000: 68-78)
Comprada posteriormente pelo caseiro José de Azevedo, esta continua a chamar a si uma das maiores propriedades da freguesia.


Vias estruturantes:

1- Estrada Municipal n.º 8 (actual N628)
A história urbanística desta freguesia no séc. XX começa a desenhar-se com o plano de vias municipais de 1916, (Silva, 2000: 329) no qual se planeou a estrada municipal n.º 8, que uniria o lugar da Labruge (Vermil) até ao extremo do concelho, no alto da corvião. Após alguns contratempos, esta viria a ser concluída em Julho de 1930. No entanto a ligação (pavimentada) a S. Pedro de Escudeiros (e consequentemente a Braga) só ficou terminada no início da década de 60 com o empedramento dos 200m que faltavam pavimentar por parte da Câmara de Braga.
2- Rua D. António de Castro Xavier Monteiro (N1585)
Esta estrada, anteriormente conhecida como “estrada do Paço” (Silva, 2000: 330) parte da estrada municipal n.º 8, junto à igreja de Airão Santa Maria, e termina novamente na estrada Municipal, no lugar anteriormente designado por Sorrego. Tendo sido concluída entre 1938 e 1941 (última referência conhecida no Livro de actas da Junta, 1935-1945).

Estas duas vias constituem os elementos estruturantes de Airão S. João, circundando todas as quintas anteriormente mencionadas.
Com o aparecimento do veículo automóvel na segunda metade do século XX, a estrada municipal n.º 8, hoje rua de S. João Baptista, passou a assumir todo o protagonismo, servindo de principal eixo de ligação Vermil-Braga e Joane-Braga.
A circulação por Airão ficou limitada apenas a uma via, passando a rua D. António de Castro Xavier Monteiro a ter um carácter totalmente secundário, utilizado apenas por moradores.
Outro factor que impediu o desenvolvimento desta zona foi o facto dos terrenos pertencerem quase exclusivamente a duas entidades, a da “Casa do Paço” e a da “Quinta da Pereira”, que não se alienando das propriedades, impediram a urbanização desta zona.

Actividade económica:
Durante os primeiros tempos da história de Airão, a actividade económica era quase exclusivamente vocacionada para a agricultura (Silva, 2000: 334).
Com o desenvolvimento da indústria têxtil no Vale do Ave, assistiu-se a sucessivos abandonos da agricultura por parte da população para o sector secundário (com particular incidência na RIOPELE e na SOMELOS). Simultaneamente, Airão perdeu uma quantidade significativa dos seus habitantes que rumaram para França e Alemanha na vaga de emigração que assolou a década de 60 (Silva, 2000: 335).
Com as vias a desempenharem um papel estruturante do território, as habitações deixaram de ser apenas uns aglomerados de serventia às quintas, para se transformarem em construções dispersas ao longo da via. É deste modo com um território difuso, parco em equipamentos públicos (escolas primária e pré-primária em risco de fecharem por falta de alunos) e infra-estruturas, que nos deparamos ao chegar a Airão.
Um território sem planeamento nem identidade.


Planeamento em Aldeias


“Situações como o Vale do Ave não se estudavam... talvez fossem para arrasar...”
Nuno Portas, arquitecto/urbanista. 3 de abril de 2008 (2)


Não há não coisas ou não lugares... pode é faltar-nos lucidez para o perceber.”
João Ferrão, secretário de estado do ordenamento do território, idem (3
)

(2) Seminário, “Arquitectura em Lugares Comuns”. Guimarães
(3) idem

Utilizando como mote a afirmação do arquitecto/urbanista Nuno Portas e tendo em conta a falta de estudos que se debrucem sobre estas zonas de transição, existem por oposição publicações em abundância que se dedicam ao tema da cidade, pelo que esperamos fazer justiça à lucidez pedida pelo secretário de estado (se.) João Ferrão, para por analogia reflectir sobre esta parte (pelo menos em dimensão) tão importante do nosso território.

Espaço e Identidade Colectiva
Henrique Muga, no seu livro sobre a psicologia da arquitectura defende a importância da apropriação colectiva de ambiente residencial (Muga, 2005: 241), sendo que esta só acontece quando as pessoas têm algo em comum.


De facto os fenómenos de migração subjacentes à periferia, modificaram hábitos e estilos de vida, retirando o carácter de posse dos (poucos) equipamentos, outrora parte da memória colectiva de gerações. São exemplos disso os fontanários, fontes, capela (igreja antiga) e cruzeiro, que caíram em desuso e que foram outrora locais de todos os encontros sociais. Hoje com a proximidade de vias e construções, perderam a sua salubridade e ao mesmo tempo a sua dimensão social.

O abandono do cultivo da terra deu origem ao afastamento da população das quintas senhoriais, que eram até então local de trabalho e residência. A construção difusa ao longo da via em detrimento de bairros residenciais planificados originou uma crise de identidade. Kevin Lynch (2008: 70) salienta a relevância da definição de bairros para a criação desta mesma identidade, destacando a importância de características próprias que as distingam. Sem querer entrar em considerações sobre a dimensão dos bairros, visto este estar a falar de três cidades com escalas completamente diferentes do objecto aqui em estudo, ou se a própria aldeia deveria ser assumida como um único bairro, com diversos sub-bairros. Convém referenciar o relevo que este também atribuiu aos limites dos mesmos, tanto na sua capacidade delimitação, como na função de elemento de “costura” e “transição”.

Para reforçar a relevância de limites e transições, faz-se referência a um diálogo de carácter não científico, mantido com o Presidente da Junta, Sr. Domingos Forte, no qual foi abordada a questão da identidade visual e a definição dos limites da freguesia, no qual mencionou a dificuldade que as pessoas externas têm de perceber quando entram e saem de Airão e a existência de um conflito entre as câmaras de Braga e Guimarães acerca do limite norte da freguesia.



Espaço público e apropriação do espaço
Abordada a forma como a ausência de imagem colectiva e a identidade colectiva se interligam, importa perceber a forma como estas se reflectem na identidade pessoal.

Para Muga (2005: 130), a identidade pessoal pode desenvolver-se simplesmente pela partilha do local, ajudando o indivíduo a estabelecer o seu estatuto social e cultural perante o grupo. Na ausência deste, poderá conduzir a um isolamento e à perda da própria identidade. José Ferrão (2008), se. do ordenamento do território, afirmou (4) que “os portugueses não têm cultura do território”, poder-se-à então dizer que a criação de espaço público tem um papel importante para a criação desta mesma cultura. A grande dificuldade poderá residir na transformação e manutenção desta cultura para as gerações seguintes.

Quando em 1964, o Pároco Joaquim Ferreira, os padres naturais da freguesia (5) e a esmagadora maioria (Silva, 2000: 291) da população se reuniram para a criação de uma nova igreja, conseguindo quotizações voluntárias e generosas (Silva, 2000: 291), produziram um movimento muito superior ao da “simples partilha de local”, produziram uma apropriação baseada “na noção de identidade de lugar” conforme defendido por Abraham Moles (citado por Muga, 2005: 127), uma cultura do lugar que supera a dimensão religiosa e assume uma dimensão de identificação territorial e colectiva.
Estando o comportamento territorial dependente da aprendizagem social e das influências culturais (Muga, 2005: 132), importa entender a forma como o espaço público condiciona estas.


(4) No seminário, “Arquitectura em Lugares Comuns”. Guimarães
(5) D. António, P.e João e P.e Hilário

No caso anteriormente citado, o comportamento colectivo gerou uma transformação do espaço. As gerações posteriores não fazendo parte do processo de transformação (6) não vêem neste equipamento o mesmo significado (Gregotti, 2004: 181). O método de apropriação é diferente. Nestes casos, é o espaço público que condiciona o comportamento colectivo. Mesmo sem que a igreja tenha uma localização estratégica na freguesia. Apesar da igreja e do seu adro serem excêntricos relativamente à freguesia, não servindo nem como elemento marcante para fixar, nem como elemento contrastante para dar continuidade conforme defendido por Lynch (2008: 87) a dimensão social que a Igreja (instituição) tem, continua a salvar a identidade colectiva e a garantir apropriação deste espaço.


Envolvimento da população
Importa agora procurar formas de recuperar a identidade colectiva, de um território difuso que carece de espaços colectivos.
A apropriação do espaço público referida por Muga (2005) depende da participação da população no planeamento e gestão do mesmo. Poderá a criação de espaço público solucionar a falta de identidade colectiva?
Trevor Cherrett (2006) defende que sim. Mencionando como outros factores chave: as políticas ambientais; económicas e de habitação. Cherrett (2006) refere que o envolvimento efectivo da população cria “pontes” de ligação entre os agentes governamentais e as comunidades rurais.
De uma forma mais pragmática, Newman (citado por Gérald Billard, 2004), propõe a redução de barreiras físicas que distingam a propriedade privada da pública, como forma de reforçar esta territorialidade e de reforçar a vigilância do próprio espaço colectivo.
(6) a igreja só foi terminada em 1980 (Silva, 2000: 292)
A experiência británica diz-nos que a reformulação do espaço público arquitectónico pode reforçar o sentido de territorialidade, mas será quanto mais eficiente, quanto mais envolver a população na sua criação e gestão.
O caso citado anteriormente da igreja de Airão é bom exemplo disso. Tendo sido construído com base num movimento popular, contou com o envolvimento que a instituição Igreja tem na população para permancer na cultura e na memória colectiva. Sendo que a transversalidade geracional é garantida tanto pelas celebrações religiosas como por movimentos associados à própria igreja: comissão fabriqueira, escuteiro, etc.


Conclusão
A aldeia e as zonas rurais por aglomerarem (per si) uma percentagem reduzida da população são negligenciadas de objectos de planeamento, levando a um crescimento descaracterizado e difuso que conduz à ausência de identidade colectiva e de cultura do território.
A criação de planos e espaços públicos em parceria com agentes locais, tanto no acto da criação como da manutenção, pode servir como elemento dinamizador de identidades e memórias colectivas associadas a uma apropriação efectiva do espaço.
O alcance dos resultados será tanto maior, quanto maior for o envolvimento da população e mais abrangente esta for transmitindo deste modo os valores comuns – a herança cultural.
Faz-se notar, porém, que na elaboração deste artigo, não foi possível medir o grau de satisfação dos habitantes com a condição actual, nem a predisposição destes para se envolverem num plano desta dimensão.




Agradecimentos
De um modo muito especial ao departamento de arquitectura da Universidade Lusíada e ao seu corpo docente, a Joaquim Ribeiro e Domingos Forte, ex e actual presidentes junta de Airão, pelo conhecimento do território que tão bem partilharam.

Referências
BILLARD, Gérald. 2004. Les municipalités américaines face à la délinquance. In Les annales de la recherche urbaine, no. 95, p. 107-110.

CHERRETT, Trevor. The Art of Village Planning: Retrospect and Prospect or Chronicles of a Death Foretold?. In Village Futures [em linha]. [Belfast]: Village Planning Conference, 2006 [referência de 13 de Fevereiro de 2008]. Disponível na Internet em: .

GREGOTTI, Vittorio. 2004. Território da arquitetura. 3ª Ed. S. Paulo: Editora Perspectiva S.A.

HAROUEL, Jean-Louis. 2004. História do Urbanismo. 4ª Ed. S. Paulo: Papirus Editora.

LYNCH, Kevin. 2008. A imagem da cidade. Lisboa: Edições 70, Lda.

MUGA, Henrique. 2006. Psicologia da arquitectura. Gaia: Edições Gailivro, Lda.

SILVA, Hilário Oliveira. 2000. Monografia de S. João de Airão. Braga: APPACDM de Braga.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Quinta de Eventos



Esta imagem é a primeira de um estudo prévio de uma quinta para eventos (leia-se casamentos).

Muitas vezes quando me dirijo a este tipo de quintas, deparo-me com "projectos" self-made, cheios de pormenores naïf, mas que transportam com elas todo o encanto da arquitectura vernacular.

Por outro lado, nós arquitectos, mais rigorosos no traço e por vezes demasiado austeros, acabamos muitas vezes por implantar um bloco demasiado rígido no meio de uma quinta, que mais parece um parque de estacionamento de uma grande superfície com um pequeno relvado nas traseiras para ter um recanto onde tirar as fotografias.

Tentei por isso, conciliar estes dois aspectos. Inspirado na arquitectura californiana do princípio do século XX, procurei uma linguagem na qual a austeridade da arquitectura se fundisse e por vezes confundisse com a natureza.

O organigrama levou a uma distribuição das divisões articulada com a luz natural e a hora do dia, de modo a obter o máximo de luz natural...quando é necessária.

O jardim inglês será a peça dominante, condicionando simultâneamente o estacionamento e a arquitectura.

Esperemos que a "noiva" goste.....

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

moradia Antas





Este foi um dos primeiros esboços efectuados para a moradia de Antas, antes de passar para o 3D, peço desculpa pela falta de detalhe que se perdeu com a digitalização.



O que é este Blog?

Este Blog pretende ser uma plataforma de desenvolvimento, no qual os projectos de arquitectura em progresso são colocados desde os primeiros croquis à sua concretização. Aberto ao debate e à crítica (construtiva), de modo a tornar o processo criativo num processo interactivo.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

moradia Antas










Estas são imagens do meu último projecto (em fase de licenciamento). Uma moradia unifamiliar, segmento médio-alto. Moradia c/ 3 quartos+ escritório em Antas - VN Famalicão.

moradia em Airão


Esta vai ser a primeira moradia a desenvolver no Blog. Trata-se de uma moradia unifamiliar, para o segmento alto.

O requerente adquiriu dois lotes que pretende unificar.

Área máxima de implantação - 226 m2

Área máxima de construção - 400 m2